8 de out. de 2009

Santa tecnologia

Por falar em sacrifícios em nome da vaidade (minha mãe de touca no cabelo, lembra?), a gente tem todo um aparato bélico pra domar os nossos fios e também o nosso corpicho e ainda reclamamos por causa disso. As mulheres mais novas tem que dar Thanks God por não precisarem passar o que as nossas antepassadas passaram para não ficarem passadas antes do tempo, capiche? Sacrifício (e loucura) era bezuntar o corpo de Coca-cola, para ter um bronzeado bonito (e queimaduras de terceiro grau). Sacrifício era enrolar o cabelo em volta da cabeça, prendê-lo com grampos, colocar uma meia de náilon por cima e depois de ter que ficar assim o dia todo. Ter que repetir o processo, só que para o outro lado e ficar a noite toda assim (parecendo a Tonhão da TV Pirata). Ou seja, você passava cerca de trinta horas sem botar os pés pra fora de casa, quiçá, pra fora do quarto, esperando o seu cabelo ficar lindo e liso. Imagina teu marido te vendo assim? Não era à toa que não existia diálogo entre marido e mulher (com um visual desses, o homem não tinha nem palavras, muito menos a mulher).
E aquelas que queriam o inverso e usavam bobs no cabelo pra ficar cacheado mas, tinham que sair na rua pra ir na padaria, supermercado entre outros afazeres. Coitadas... tinham coragem de sair daquele jeito mas, não tinham coragem de assumir aqueles rolos horrorosos no cabelo e disfarçavam com um lencinho mequetrefe.
Do que eu estou falando? Isso aconteceu comigo uma vez. Fui de carro no salão, que era longe da minha casa, colocar rolos no cabelo (o famoso bobs) pra ficar com o cabelo cacheado e ir numa formatura à noite. Na volta do salão, ainda de bobs, coloquei o capuz do casaco em cima da cabeça, torcendo pra não ter ninguém na rua e voltei dirigindo, também torcendo pra nenhum motorista me ver daquele jeito. Mas, como não torci direito, avistei de longe uma blitz no meio do caminho e pior, sem chances de encontrar um retorno milagroso pra direção oposta. Não deu outra. Fui parada e passei uma das piores vergonhas da minha vida. O guarda me olhou com cara de espanto e depois percebi sua cara de riso (aquele risinho sacana no canto da boca prestes a aumentar até cair numa tremenda gargalhada). Eu já fui logo mostrando os documentos e fingindo que não tinha nada na minha cabeça, tentando agir com a maior naturalidade mas, o filho da p... do guarda, além de lindo, era sádico e quis verificar todas (TODAS) as condições do carro. Me mandou sair do carro e foi verificar o extintor, pneu, faróis e etc. Eu ali, parada na calçada, olhando fixamente para o chão, como se tivesse cometido um crime. Tirei o capuz na tentativa de amenizar o inamenizável e fazer com que as pessoas entendessem que aquilo era apenas um processo temporário para deixar o cabelo mais bonito e que todas as mulheres na face da Terra faziam isso mas, a única coisa que me vinha na mente era: puta que pariu, nunca mais quero ter cabelo! Terminada a inspeção do guardinha salafrário, peguei meu carro e não mais que de repente me pirulitei de lá sem nem olhar pelo retrovisor. Provavelmente veria aquele bando de guardinhas rindo às minhas custas (eu também riria, se tivesse no lugar deles e ainda aplicaria uma multa na mulher, pra deixar de ser ridícula). Cheguei em casa petrificada e ainda tive que ficar o resto do dia com aquilo no cabelo, para só tirar 5 minutos antes de sair pra festa. Surpresa a minha foi chegar no local da festa e descobrir que meu cabelo estava mais liso do que se tivesse passado a chapinha (malditos sejam os bobs da face da Terra!).
Hoje em dia é tudo muito mais fácil. Temos a tecnologia à nosso favor. Até a depilação é mais indolor, deitamos numa maca e temos os pêlos do corpo retirados à laser e gás gelado, em menos de vinte minutos (olha que maravilha!). E já dizia o velho ditado: de graça até injeção na testa. Mas, em nome da beleza, as pessoas estão é pagando pra levar essa tal injeção. O único problema desses tratamentos de beleza é o preço. Existem tratamentos que custam o preço de um carro novo, ou seja, você fica linda mas, vai pra casa a pé (olha que maravilha!). Por isso não existe mulher feia, existe é mulher pobre!

2 comentários:

  1. Veja o lado bom da mulher voltar a pé pra casa..vai queimando uns pneus,tem menos tempo de encher o saco do marido pra falar das bobagens do dia(..que a vizinha da prima da claudinha,amiga da amiga da mulher do coitado discutiu com o namorado..),não dá despesa pro marido pagar com o carro e ainda ajuda o trânsito com sua habilidade de dirigir...

    ResponderExcluir
  2. Adorei...essas suas "tragédias" são muito hilárias.

    ResponderExcluir

Quer dizer, diz, não quer dizer, não diz!